terça-feira, outubro 24, 2006

 

Santana Sócrates ou Sócrates Lopes...

O governo do engenheiro (até me arrepio quando escrevo isto... obrigadinho fernando santos!!!), que tem andado a viver à custa dos rendimentos do seu estado de graça, começa agora a sentir pairar sobre si um estado de desgraça...

É verdade que um governo ao fim de algum tempo começa a sofrer o desgaste normal da governação e das medidas impopulares (e algumas erradas) que têm (ou não deviam) de ser tomadas. Foi assim com António Guterres no pavilhão atlântico no masters de ténis ou com Durão Barroso na inauguração do estádio da luz, brindados com monumentais vaias...

Ao contrário destes, o engenheiro entra e sai pela porta dos fundos para fugir a qualquer manifestação de desagrado, recorrendo depois à sua central de informação (é só assistir aos noticiários do canal estatal e assistir ao "tempo de antena" dedicado ao engenheiro), para responder às pessoas a quem recusou dar a cara, dando mostras da sua cultura democrática...

Mas será que o engenheiro terá razão na tese de vitimização que tenta transmitir? Será que se tratam somente de campanhas orquestradas pelo grupo de portugueses privilegiados que o engenheiro combate e denuncia?

Sinceramente não me parece, senão vejamos:

Temos um ministro da economia que anuncia a fim da crise, em vésperas de apresentação de um orçamento restritivo, para depois vir dizer que tal afirmação seria uma infantilidade...

Temos um ministro da saúde que vem anunciar a descida do preço dos medicamentos (lembrou-se mais tarde que a comparticipação do estado também iria descer, ou seja, o doente paga o mesmo...) e o alargamento das taxas moderadoras aos internamentos e actos cirúrgicos (não me lembro desta medida tão popular no programa de governo... ah, e já agora, o delfim do partido do governo já veio questionar a constitucionalidade da medida...).

Temos um secretário de estado com dias infelizes, que culpa os consumidores pelo aumento significativo do preço da luz... para depois vir o ministro da economia fixar o aumento por metade do inicialmente anunciado, justificando a intervenção tardia com o seu desconhecimento naquela matéria...

Temos o ministro de estado e da administração interna que vai a um programa de televisão insultar presidentes de autarquias (incluído da mesma cor partidária) tentando justificar perante estes o injustificável (alguém que faça o favor de explicar ao ministro a diferença entre crescimento real e crescimento nominal...).

Temos o ministro das obras públicas, transportes e comunicações que após a defesa feroz do modelo de gratuitidade das scut, veio anunciar a introdução de portagens nas mesmas no litoral. A indignação do engenheiro foi enorme apontando que se tratava de uma mentira, que no seu programa de governo as SCUT se mantêm enquanto as regiões atravessadas tiverem níveis de desenvolvimento muito abaixo da média nacional e enquanto não houver alternativas àquelas vias... segundo o engenheiro a região do algarve encontra-se muito abaixo da média nacional e não existe qualquer alternativa à via do infante...).

Temos o ministro das finanças que vem anunciar um orçamento onde a despesa pública se encontra controlada e em diminuição... o governo do engenheiro congelou as progressões dos funcionários públicos, aumentou os descontos efectuados pelos mesmos e diminuiu o investimento público (será que o investimento público está guardado para o ano das eleições legislativas...) e mesmo assim as despesas do estado sobem... o engenheiro indignado afirma que ninguém pode negar que no orçamento de estado para 2007 a despesa pública diminui em relação ao produto interno bruto! Espero que o engenheiro seja mais hábil a matemática que o engenheiro guterres, um rácio pode descer de três formas... pela diminuição do numerador (despesa pública), pelo aumento do denominador (PIB) ou pela conjugação dos dois efeitos anteriores. Não sendo pela diminuição da despesa pública, que cresce, esta diminuição do rácio baseia-se numa previsão de aumento do produto e das receitas que muitos organismos internacionais já classificaram de ligeiramente optimista...

Temos um governo que apresenta um orçamento baseado em legislação que ainda não se encontra aprovada ou promulgada... que no fundo são apenas propostas...

Isto tudo na mesma semana... como li nalgum lado, parece que estamos a assistir a uma sequela de um filme com 2 anos, agora com novos protagonistas...

P.S. Para não dizerem que só faço crítica negativa aproveito para dar o meu apoio a uma medida que vem trazer mais equidade ao sistema fiscal. Embora criticadas por alguns elementos da cor política do governo e pelos partidos da oposição, acho correctas as medidas apresentadas para os cidadãos portadores de deficiência em sede de IRS.

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